sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Cultivo protegido de hortaliças



   As adversidades climáticas, especialmente precipitações freqüentes e intensas ou então estiagens, altas e baixas temperaturas, tem sido cada vez mais comum nos últimos anos em todo o mundo. Segundo o Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), as previsões para os próximos anos não são nada animadoras. Pelo contrário, existe forte tendência de que estas adversidades climáticas se intensifiquem ainda mais. Precipitações de 80 a 100 mm, historicamente de quase um mês, em menos de dois dias, tem sido cada vez mais comum em quase todas as regiões produtoras de hortaliças; o aumento da temperatura das águas do oceano atlântico devido ao aumento do aquecimento global explica, em grande parte, este fato. Em função disso, é fundamental o uso de práticas que minimizem o máximo possível os prejuízos nas hortaliças, espécies muito sensíveis às mudanças climáticas.
    Toda a prática que visa a proteção das plantas cultivadas e do solo de chuvas frequentes e torrenciais, altas temperaturas, frio e ventos, é denominada de cultivo protegido, proporcionando maior rendimento, melhor qualidade das hortaliças e menor ocorrência de doenças, pragas e plantas espontâneas, sendo por isso, altamente recomendável para o sucesso no cultivo orgânico de hortaliças.
Cobertura com plástico: o cultivo protegido, seja através de abrigos de plástico (Figura 1) ou mesmo túneis baixos (Figura 2), principalmente para produtores especializados em produção de mudas orgânicas, é fundamental para o sucesso da atividade. Para maiores informações sobre a construção e manejo destes abrigos, bem como a proteção dos ventos dominantes visando a produção de mudas e também para o plantio definitivo de vários cultivos tais como tomate, pimentão, alface, pepino e outras espécies no cultivo orgânico, sugere-se o contato com pesquisadores da Epagri/Estação Experimental de Itajaí, em Santa Catarina.


Figura 1. Produção de mudas de hortaliças em bandejas de isopor protegidas por um abrigo de plástico
    Para espécies de porte baixo, como alface, morango, beterraba e outras, pode-se utilizar o túnel baixo (Figura 2), sustentado em arcos de arame (nº 6), bambu, madeira, mangueira ou outros materiais.



Figura 2. Túnel baixo com cobertura de plástico no cultivo do morangueiro
Cobertura com sombrite: no verão, deve-se utilizar sombrite (tela que deixa passar 50 a 70% da luz), diminuindo com isso a radiação solar nas horas mais quentes, especialmente no verão, e os efeitos danosos das chuvas torrenciais sobre as plantas (Figura 3). É muito importante fazer um bom manejo retirando total ou, parcialmente, a proteção em dias nublados e nas horas mais frescas e colocando-a nas horas mais quentes do dia (11 às 16 horas) e quando houver previsão de chuvas torrenciais, que ocorre normalmente no verão.



Figura 3. Cultivo de alface com proteção de sombrite
Cobertura morta: consiste na cobertura do solo com palha ou com capim seco nas entrelinhas (Figuras 4, 5 e 6). Além de proteger das chuvas torrenciais, especialmente no verão, a cobertura diminui a temperatura do solo, favorecendo o desenvolvimento das hortaliças, mantém a umidade do solo por mais tempo e diminui o crescimento de plantas espontâneas. A maioria das plantas não absorve mais água com temperatura acima de 32ºC e, por isso, param de crescer. Trabalhos de pesquisa comparando cultivos em solo descoberto com aqueles protegidos com cobertura morta, mostraram que neste último sistema de produção as temperaturas no solo chegam a diminuírem até 10ºC. Uma camada de 2 cm de palha na superfície já protege o sistema poroso do solo, garante a infiltração de água e a entrada de ar e mantém a temperatura do solo mais amena. Com 5 a 10cm nas entrelinhas as culturas pouco sofrem quando ocorrem as estiagens.
Figura 4. Cobertura morta com casca de arroz no cultivo do morangueiro


Figura 5. Cultivo de repolho em cobertura morta: palha de milho
Figura 6. Cultivo de couve-flor em cobertura morta: palha de arroz
Outros tipos de cobertura: TNT é a sigla para Tecido Não Tecido, ou seja, é um tecido produzido a partir de fibras desorientadas que são aglomeradas e fixadas, não passando pelos processos têxteis mais comuns que são a fiação e a tecelagem (ou malharia). Na agricultura, é utilizado em cobertura de canteiros de fumo, na fase de formação de mudas.   
   Este tipo de material é barato e muito utilizado em decorações de festas em geral, sendo encontrado em diversas cores. Existem dois tipos distintos, os duráveis e os não duráveis, podendo ambos serem produzidos a partir de fibras naturais (ex.: algodão, lã) ou sintéticas (ex.: poliéster, polipropileno).
    A proteção dos frutos, através do ensacamento das pencas, é recomendável, utilizando-se sacos de papel encerado ou TNT. Especialmente no cultivo de tomate, uma das espécies mais atacadas por pragas (broca pequena e traça) e sensível as adversidades climáticas (chuvas torrenciais, granizo e vento) o TNT é uma ótima opção para obter-se frutos de boa qualidade (Figura 7). Sacos com dimensões de 45cm x 35cm são os ideais para proteger as pencas, colocando-os quando as inflorescências estão com seis a oito flores.


Figura 7. Ensacamento de pencas de tomate com sacos de TNT para proteger os frutos das brocas, traças e outros insetos e das adversidades climáticas
   Diversos outros tipos podem ser utilizados para proteção do sol forte que ocorre na primavera e verão, quando a luminosidade é mais intensa e a duração do dia é maior. Dentre esses destacam-se: talagarça de algodão ou náilon, palha ou capim seco e saco de aniagem. Recomenda-se, sempre que possível, utilizar materiais que estejam mais disponíveis na propriedade ou nas proximidades.

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