domingo, 27 de fevereiro de 2011

Cultivo orgânico de beterraba





   A beterraba (Beta vulgaris), planta originária da Europa, pertence à família das chenopodiaceae, assim como a acelga e o espinafre. A parte comestível é uma raiz tuberosa que possui uma típica coloração vermelho-escuro devido ao pigmento antocianina, que também ocorre nas nervuras e no pecíolo das folhas. Além do açúcar, a beterraba apresenta valor nutricional muito rico em vitaminas do complexo B e sais minerais como ferro, cobre, sódio, potássio e zinco. É recomendada para tratamento de anemia, prisão de ventre e problemas de rins. Por ser consumida na forma de salada crua e também cozida, o cultivo orgânico de beterraba (sem agroquímicos) é fundamental para garantir a saúde do agricultor, consumidor e meio ambiente. Pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, com 21 espécies de frutas e hortaliças no Brasil, revelou que, das 3.130 amostras coletadas em 2009, 29% apresentaram resultados insatisfatórios,ou seja,com resíduos de agrotóxicos, especialmente, os não autorizados para a cultura. A beterraba foi uma das mais contaminadas por agrotóxicos, apresentando 32% das amostras com resíduos de agrotóxicos. Considerando que a beterraba, praticamente, não tem problemas com pragas e doenças, estes resultados são muito preocupantes e, mostram que a aplicação dos agrotóxicos, além de desnecessários, aumentam o custo e, o que é pior, não são autorizados para a cultura, aumentando o risco tanto para a saúde dos trabalhadores rurais como dos consumidores, além de contaminar o meio ambiente.
Recomendações técnicas
.Escolha correta da área e análise do solo: evitar terrenos úmidos e/ou sombreados. Produz melhor em solos profundos, ricos em matéria orgânica, bem drenados, leves e soltos (areno-argilosos, franco arenosos e turfosos). É exigente em nitrogênio e potássio e sensível a acidez (produz melhor no pH 6,0 a 6,8). 

.Épocas de plantio e cultivares: é típica de climas temperados, exigindo temperaturas amenas ou frias para produzir bem. A faixa de temperatura ideal para o crescimento é de 10 a 20ºC e apresenta resistência ao frio e a geadas leves. Temperaturas altas induz a formação de anéis claros na raiz, depreciando o produto. Recomenda-se o plantio das mudas ou semeadura direta no outono, inverno e primavera, no Litoral. Durante o verão, não é recomendado o cultivo porque ocorre a destruição prematura da parte aérea causado por doenças fúngicas. As cultivares mais plantadas são: Early Wonder, Early Wonder Tall Top e Wonder Precoce. 

.Sistemas de cultivo: é cultivada em dois sistemas - semeadura direta e plantio por mudas. Ao contrário de outras tuberosas, se adapta bem ao transplante, sistema mais utilizado no Brasil. A semeadura direta predomina na maioria dos países, sendo utilizada no Brasil, somente por grandes produtores. Nesse sistema semeia-se em sulcos, à profundidade de 1,5 a 2,5 cm, deixando-se cair um a dois glomérulos ("sementes") a cada 5 cm. Desbastar o excesso de plantas deixando-as espaçadas de 10 a 15 cm. A vantagem do sistema é a redução nos custos, produção maior e mais precoce (20 a 30 dias) e, menos danos nas raízes. Como desvantagem em relação ao plantio por mudas é o maior gasto com sementes e a necessidade de desbaste. 

.Produção de mudas: as mudas podem ser produzidas em sementeiras e, em bandejas de isopor.

.Preparo do solo e do canteiro: no preparo do canteiro (1,10m de largura e 15 a 20 cm de altura), recomenda-se: correção da acidez, revolvimento do solo, manualmente (pá de corte ou enxadão) ou mecanizado (aração profunda e gradagens cruzadas), espalhar na área o adubo orgânico curtido sete a dez dias, antes do plantio, e construção dos canteiros com um roto-encanteirador ou rotativa de microtrator.

.Adubação de plantio: a adubação deve ser feita com base na análise do solo e do adubo orgânico. Se necessário, recomenda-se fosfato natural (fósforo) aplicado com antecedência e cinzas de madeira (potássio).

.Transplante das mudas, espaçamento e desbaste: as mudas devem ser transplantadas com 20 a 30 dias após a semeadura (5 a 6 folhas). Espaçamento: 30 a 40 cm entre linhas por 10 a 15 cm entre plantas. Desbaste: a "semente" da beterraba é um glomérulo que possui 2 a 4 sementes verdadeiras. Recomenda-se aproveitar as melhores mudas descartadas no desbaste, para o posterior plantio no canteiro. 

.Irrigação: a falta de água durante o ciclo da cultura torna as raízes lenhosas e reduz a produtividade. As rachaduras nas raízes, próximo a colheita, está ligado a falta ou excesso de água, agravado com a deficiência de boro e/ou de cálcio. Recomenda-se o uso da irrigação por aspersão. Deve-se realizar irrigações leves e freqüentes, sempre pela manhã, para evitar que as plantas permaneçam molhadas durante a noite. 

.Manejo de plantas espontâneas e adubação de cobertura : a competição das plantas espontâneas com a cultura ocorre da germinação, até os primeiros 40 dias após o transplante, quando deve-se fazer capinas manuais. Por ocasião da 1ª capina, faz-se adubação de cobertura, sendo a 2ª, 20 dias após a 1ª. 

.Manejo de doenças e pragas: são poucas as doenças e pragas que atacam a cultura da beterraba, por isso, praticamente, são desnecessários tratamentos fitossanitários. Dentre as doenças destacam-se: a mancha das folhas e a sarna. Dentre as pragas, a vaquinha, especialmente no início do desenvolvimento, pode causar algum dano na parte aérea da cultura. A Manchas das folhas (Cercospora beticola) é causada por um fungo, provocando uma destruição prematura das folhas e redução do rendimento, além de impedir, também, a comercialização das raízes na forma de maços. Manejo: evitar plantio em locais úmidos e pouco ventilados; rotação de culturas e suspender a irrigação por aspersão; A Sarna (Streptomyces scabies) é uma doença bacteriana semelhante a que ocorre na cultura da batata, apresentando manchas ásperas na superfície das raízes, depreciando o produto para o comércio. Manejo: rotação de culturas ; uso de sementes sadias; manter o pH do solo entre 6,0 e 6,8 e manter a umidade do solo constante. Vaquinha (Diabrotica speciosa ): os adultos comem as folhas, podendo causar algum dano no início do desenvolvimento da cultura. Manejo: usar iscas atrativas, como a raiz do tajujá, porongo, ou abobrinha caserta. 

.Colheita: a beterraba atinge o seu ponto de maturação com aproximadamente 70 a 90 dias após a semeadura direta e o transplante, respectivamente. O consumidor mais exigente quer uma beterraba mais nova, isto é, que seja colhida com 8 a 10 cm de diâmetro e 6 a 7 cm de comprimento pesando em torno de 250 gramas. As beterrabas devem ser arrancadas, manualmente, lavadas com água corrente e secadas. Após a lavagem do produto faz-se a classificação das raízes pelo tamanho. Nas feiras e quitandas comercializam-se beterrabas em maços (Figura 1) contendo 4 beterrabas amarradas (em torno de 1,0 kg) com folhas sadias. A forma mais comum da comercialização da beterraba no atacado é em caixas de 25 kg.
Figura 1. Uma das formas de comercialização de beterrabas é através de maços, ou seja, as raízes são comercializadas com a folhagem. A beterraba, recomendada especialmente para anemia, pois é rica em ferro, produz muito bem no cultivo orgânico.


 

3 comentários:

Anonymous disse...

muito bom!!!!!!!!!!!!!!!!!!wlv

Anonymous disse...

vou agora plantar umas e fui aqui ver se nao fazia nada de errado wink ^_~

Anonymous disse...

Amei o artigo muito bem elaborado e me foi de muita ajuda!
Agradeço
V.V.

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